quarta-feira, 3 de julho de 2013

22.

uma dor que não dói mas habita-nos o corpo, vive em nós sem a sentirmos. habituamo-nos à tragédia de  nós e fomos, e somos e seremos, vivemos, vivemos e viveremos. repara como o passado do ser é diferente do presente e do futuro enquanto o passado e o presente de viver são iguais. queremos sempre mais que aquilo que temos e somos e vemos, insatisfeitos. pessoa dizia que ser descontente é ser homem por isso porque não, dar mais um passo, dizer mais uma palavra, olhar para trás antes de ir, porque não, porque não. ah, mas a dor, sim, a dor. essa dor que vive em nós e nos consome sem sentirmos, ela resulta de um não sei quê que nos ocupa mais que nós. é uma dor de ser e de amar, vem connosco e com os outros, com o amor próprio e o amor a outro. "o amor é fodido. hei de acreditar sempre nisto", li eu num livro, nuns quaisquer quarenta minutos de viagem de autocarro, a caminho de casa li isto num livro com rosas negras na capa.

maio, 2013

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