coisas que aprendes ao viver numa residência.

- não deixar coisas doces no frigorifico. 

- é mais prático cozinhar do que ir a casa ao fim de semana e trazer cinquenta tupperwares com comida da tua mãe. 

- se só tens direito a metade de uma prateleira no frigorifico (como eu), ao inicio isso vai parecer um espaço muito pequeno mas se, de acordo com o ponto acima, não levares cinquenta tupperwares com comida da tua mãe, metade de uma prateleira chega e sobra. 

- bebes mais água. 

- percebes que é complicado partilhar um congelador.

- toda a gente guarda as coisas no congelador dentro de sacos do pingo doce. arranja um saco que não seja do pingo doce.

- não comas tudo sozinho, faz refeições para três, sai mais barato e os colegas de quarto agradecem, e eventualmente retribuem. 

- não compres um garrafão de água só para ti, partilha com os colegas de quarto, é mais barato, os colegas agradecem e eventualmente retribuem, mais uma vez.

- se pensas que a casa de banho vai estar sempre ocupada e a cozinha sempre cheia, estás enganado.

- toda a gente quer comer um bolo mas ninguém tem farinha.

- os bolos de caneca sabem melhor.

- aprendes a cozinhar.

- vão gozar contigo porque AINDA não sabes cozinhar mas vão ensinar-te umas coisas.

- o teu quarto é o melhor de toda a residência.

- toda a gente acha que o seu quarto é o melhor de toda a residência.

- as senhoras da limpeza não vão gostar que estejas a tomar banho na hora que elas vão limpar a casa de banho.

- as senhoras da limpeza até podem ser simpáticas.

- se tu não tens qualquer coisa, alguém vai ter. se ninguém tiver, paciência.

- ao fim de semana toda a gente quer lavar e secar a roupa, é preciso ter um bom timing.

- trata da roupa à sexta feira à noite. 

- se a residência estiver vazia, há jogo de futebol ou uma festa qualquer. 

- as pessoas que não podem ir a casa ao fim de semana gostam de mimos.
- há pessoas que jantam às 00h.

- esquece a história da comida feita, a roupa lavada e passada, a loiça lavada. tu fazes as tuas coisas.

- és mais independente, mas também tens de ser mais responsável.

- estudar de fones nos ouvidos é a melhor coisa que podes fazer.

- se tiveres dúvidas ao estudar, de certeza que vives com alguém que te pode ajudar.

- os teus colegas de quarto podem não ter os mesmos horários que tu e por tanto tens de controlar o barulho, e eles também.

- arruma as tuas coisas, não vives sozinho.

- se fores simpático para os outros, eles serão simpáticos para ti. 

- porque raio não haverias de ser simpático para as pessoas com quem vives?

- ao fim de algum tempo, já não te imaginas a viver em mais lugar nenhum e aquelas pessoas passam a ser a tua segunda familia.

baseado em cerca de dois meses a viver na FMH1 (hei de aprender mais coisas)

ups.

desculpem, fui engolida pela faculdade.

48.

um achado no quintal.

47.

a camila.

46.

a praxe.

a praxe na faculdade de arquitectura é uma coisa extremamente... é qualquer coisa. é cantar e berrar até ficar rouca, e semanas depois isto ainda não me passou. os veteranos cantarem músicas que ninguém percebe à primeira, e no final da praxe já não ouvimos mais nada no interior da nossa cabeça. andar de joelhos e ganhar nódoas negras por todo o lado. sair da cama para ir à faculdade de propósito para ser, de certa forma, torturada. rata amarela, tch tch tch. andar de transportes públicos a cheirar a caloira, toda suja com ovos, ketchup, farinha, vinho e sei lá mais o quê, não sentar nos bancos, ter cuidado para não todar nem um milimetro nas pessoas à nossa volta. o meu nome de praxe foi ornatos violenta, eu não sou violenta. observar os aspirantes, doutores, veteranos e todos eles, à procura dos futuros padrinhos, pensar na forma mais original de lhes pedir que o sejam, falhar redondamente e ter de repetir isso depois de uns copos de vinho, ou correr à volta do refeitório a gritar, e fazer o pedido em alentejano carregado. conhecer montes e montes de gente cujo nome não nos vamos lembrar, mas são pessoas de todos os cursos, todos diferentes, e depois quando acaba a praxe e andamos pela faculdade, vemos gente que conhecemos por todo o lado, e não os chamamos para os cumprimentar porque pura e simplesmente não nos lembramos dos nomes deles. o baptismo e levar com uma garrafa de água na cara, por parte da minha querida madrinha, que me engasguei toda de tal forma que tive de parar uns minutos para me recompor. tribunal de praxe, sentir-me mal, ficar sem ar, sair, voltar, fazer uma omelete de caloiro, chegar ao metro a cheirar a cinquenta coisas misturadas e pessoas dizerem "elaaah, grande festa!". 

e o que vi foi que durante aquela semana, estávamos todos fartos de andar de joelhos e comer pouco e beber muito, andar imenso e tratar toda a gente por "excelentissimo senhor", e agora que estamos todos a entrar em stress com os primeiros trabalhos, já pensamos que o melhor de tudo foi a praxe. 

primeira aula.

história da arte contemporânea.
"o vosso trabalho de casa vai ser ver o Midnight in Paris!"
se for sempre assim, parece-me bem.